quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A 2ª Batalha de El Alamein - out / nov 1942



África do Norte

Segunda Batalha de El Alamein

23 outubro - 03 novembro 1942


(O VIII Exército Inglês vai à desforra)

No começo de 1942, a situação no norte da África coloca os ingleses e as tropas do Eixo frente a frente no campo de batalha ao longo da fronteira da Cirenaica, ou seja, na mesma posição de um ano antes. Em junho, Rommel antecipa a ofensiva britânica e penetra em profundidade por 500 km, forçando o adversário a uma retirada veloz. Dois regimentos do exército italiano e o Afrika Korps obtêm uma esmagadora vitória em Tobruk, fazendo 26.000 prisioneiros e obrigando os ingleses a recuar mais uma vez até o Egito.

A situação de impasse na guerra do deserto, que continua a preocupar Churchill [primeiro-ministro britânico], se resolve com a reorganização do VIII Exército, que, confiado ao comando do general Bernard Montgomery [futuro Visconde de Alamein, London, 1887 - Alton, 1976], recupera o moral e é reequipado com veículos e novos armamentos. Em agosto, os britânicos gozam da supremacia militar (11 divisões, entre as quais quatro blindadas, contra as dez do Eixo). No final do mês, Rommel decide colher novamente de surpresa o adversário contando com a rapidez e parte para o ataque do flanco meridional do sistema defensivo inglês. Mas suas colunas blindadas são recebidas por uma impressionante barragem de fogo que as obriga a recuar, além disso, a Panzerarmee tem à disposição uma reserva de combustível para um dia... O Afrika Korps é forçado a retornar ao ponto de partida, onde predispõe uma linha defensiva à espera do próximo ataque inimigo.

Na noite de 23 de outubro, um dia antes da lua cheia, o VIII Exército inglês desfere a ofensiva com um assalto de infantaria e de artilharia que, em vez de forçar o inimigo à retirada em suas praças fortes, visa destruir com metódica determinação seu potencial ofensivo. No início da batalha, a desproporção de forças é incontestável: os ingleses dispõem de 1.450 tanques contra os 540 do Eixo (poucos dos quais são munidos de um armamento comparável ao dos ingleses). A superioridade aérea inglesa é ainda maior: 96 esquadrilhas contra 350 aviões do inimigo. Além disso, menos da metade dos suprimentos esperados por Rommel chega ao destino, porque os transportes marítimos do Eixo são alvo da aviação inglesa no Mediterrâneo. A vantagem tática oferecida pela superioridade das forças blindadas é empregada por Montgomery para desferir uma série de golpes decisivos nas defesas adversárias, submetidas ao fogo mortal da artilharia britânica.

Depois de uma série de ataques sucessivos efetuados pelos tanques, Montgomery consegue abrir as linhas inimigas no ponto de conjunção entre os exércitos italianos e o Afrika Korps. Qualquer resistência em torno de El Alamein se torna inútil pela enorme disparidade entre as forças em campo. Para os regimentos sobreviventes do eixo não resta outra escolha a não ser a precipitada retirada para a fronteira tunisiana.


EL ALAMEIN

Entre 23 de outubro e 4 de novembro de 1942, ocorre em El Alamein (vilarejo a cerca de 80 km a oeste de Alexandria, Egito) a mais furiosa batalha jamais acontecida no deserto norte-africano. Apesar da insistência de Churchill, Montgomery está decidido a desferir o ataque somente no momento em que estiver certo de obter no campo de batalha um sucesso esmagador. As razões da pressão de Churchill são de natureza estratégica, além de política: o primeiro-ministro inglês, com efeito, quer realizar a ofensiva inglesa antes do desembarque aliado no norte da África (operação Torch), programado para o início de novembro. O sucesso sobre Rommel teria, além disso, impelido os franceses da África do norte a acolher de bom grado os Aliados e teria dissuadido o ditador espanhol Franco de permitir a chegada de tropas alemãs no Marrocos espanhol e na Espanha.

O ataque, portanto, é desferido quando Montgomery dispõe de uma vantagem numérica e qualitativa incontestável. A superioridade aérea inglesa serve para obstaculizar os movimentos e os suprimentos das tropas do Eixo. Estas estão preocupadas pela falta de combustível que limita o raio de ação da Panzerarmee e a força a dispersar seus regimentos móveis. Os ingleses estabelecem o dia exato da ofensiva , levando em conta o ciclo lunar: uma boa dose de luz permite desferir o ataque durante a noite, abrindo ao mesmo tempo preciosas passagens para o avanço dos blindados ingleses nos campos minados.

No momento do ataque, Rommel se encontra em período de convalescença na Áustria. Voltará precipitadamente dois dias depois, quando as forças do Eixo perderam metade de seus blindados. Além disso, é enorme a disparidade no número de homens no momento em que um furacão de fogo abre o caminho ao ataque da infantaria inglesa: cerca de 200.000 britânicos contra 105.000 ítalo-alemães. Os ingleses são superiores também em armamentos: mais de 1.000 tanques 9entre os quais os novos Churchill de 40 toneladas e os Sherman americanos que podem neutralizar de grande distância os canhões antitanque alemães) contra 540, 1.000 canhões contra 480, 530 aviões contra 350, 1.400 peças de artilharia antitanque contra 744 do Eixo. Nas mãos dos ingleses caem 20.000 italianos e 10.000 alemães. Dos 5.000 paraquedistas da divisão italiana Folgore, voltarão para a Itália menos de 300. Se Stalingrado será depois a reviravolta do conflito na Europa, El Alamein o é nas operações no norte da África.

pp. 87-91

fonte: FIORANI, Flavio. História Ilustrada da II Guerra Mundial. Volume I. Larousse, 2009



Montgomery, o general cauteloso que planeja tudo


“Faltando vinte minutos para as 22h de 23 de outubro, o rimbombar de mil peças de artilharia começou a fazer-se ouvir sobre as escaldantes areias do deserto, abrindo clarões na escuridão, e na esteira dessa descomunal barragem, à luz serena do luar que então fazia, os soldados da infantaria começaram a movimentar-se na direção dos postos avançados do inimigo, limpando os campos minados e abrindo caminho para os blindados do Décimo Corpo. Quatro divisões de infantaria limpariam uma passagem ao longo de dois estreitos corredores, entre as colinas de Tel el Eisa e Miteiriya. A ponta-de-lança setentrional se orientaria no sentido de um cabeço desértico que, por sua forma, fora apelidado de 'colina do rim' e se estendia da direita para a esquerda, na direção da cota de Miteiriya. Na extremidade sul, o Décimo Terceiro Corpo levaria a cabo operação cuidadosamente planejada de dissimulação, uma finta destinada a confundir o inimigo. Fazia parte do plano principal de Montgomery. Vinte e quatro horas não seriam passadas e já se sabia que a finta não surtira efeito e que todo o plano de Montgomery redundara em um impasse, pela forma como estavam sendo conduzidas as operações.

Durante doze dias seguidos, o mundo e em especial Whitehall sustiveram a respiração. Churchill e Brooke viveram momentos de angustiosa expectativa, até se tornar claro que Montgomery, após haver reagrupado suas forças, partira para um tipo de batalha da Primeira Grande Guerra – uma batalha, segundo Churchill, reminiscente de Cambrai, uma batalha de atrito. Durante dois dias e duas noites, parecia que Montgomery não conseguiria sair-se vitorioso da empreitada, uma batalha imperdível, em que suas forças ultrapassavam as do inimigo na razão de seis para um, só em blindados, e ainda com reservas suficientes para elevar aquela proporção para 11 a 1. […]

Mesmo assim, os alemães ainda conseguiram destruir mais de três tanques para cada um que perderam. Embora a inferioridade dos alemães aumentasse a cada momento, e , no fim, a proporção a favor dos ingleses passasse a ser de 20 para um, em Tel Aquair, 90 tanques alemães ainda enfrentaram 700 dos britânicos que vinham em sua direção e os fizeram parar e, depois, retroceder.”

“Durante dois dias, enquanto Montgomery refazia seus planos, uma batalha terrível era travada pela posse da 'colina do rim'. As perdas, em ambos os lados, eram altíssimas. A 26 de outubro, em seguida à morte do General von Stumme, então no comando dos exércitos alemão e italiano, Rommel deixou apressadamente o hospital em que estava internado, na Áustria, e voltou à cena da luta, para reassumir o comando de suas acossadas forças.”

Ao alvorecer do dia 2 tornara-se claro para Rommel que 'nossa destruição final era iminente'. O Afrika Korps estava reduzido a uma força de 35 tanques utilizáveis, enquanto Montgomery poderia dar-se ao luxo de perder 300 ou 400 para destruí-los, e ainda ficaria, praticamente, indene. Apesar de tudo, entretanto, Rommel conservava a esperança de conseguir realizar o que estava pretendendo, 'por ver que os britânicos, até agora, têm-se mostrado tão hesitantes e cautelosos em seus movimentos, que suas operações nos permitem tirar partido dessa extrema e, até, incompreensível cautela.

Entretanto, naquele melancólico dia 4 de novembro de 1942, nem toda a imaginação nem a habilidade e a dedicação dos alemães, e tampouco o brilhantismo e a competência de Rommel ou a inteligência e a capacidade do Coronel Bayerlein poderiam ter salvo os remanescentes do Afrika Korps da total destruição, por general que fosse menos cauteloso e hesitante que Montgomery. Entre os dias 4 e 6 de novembro, os Comandantes de Corpos e de Divisão do Oitavo Exército, totalmente privados de iniciativa, não puderam destruir o núcleo vital do Afrika Korps. Os Generais Gatehouse e Briggs solicitaram permissão para abastecer suas forças e partir em perseguição a Rommel tão rapidamente quanto lhes fosse possível, como cães atrás da presa. Montgomery negou a permissão. Dessa maneira, quando os blindados britânicos atingiram Fuka, Rommel estava longe.

pp. 73-75


fonte: THOMPSON, R.W. Montgomery. (Líderes 13) Rio de Janeiro: Rennes, 1976.



seleção de textos : LdeM

 
more info  

sobre as batalhas no Norte da África - 1942 em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Batalha_de_El_Alamein






tanques-blindados aliados





Operação Tocha / Torch




Operation Torch



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