quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Operação Tocha - Operation Torch - novembro 1942


 
Operação Tocha

(Operation Torch)

novembro 1942


A necessidade de uma 'segunda frente'


Com as forças alemãs atacando em Stalingrado e rumo ao Cáucaso, além da fronteira do Egito, em máxima expansão das forças do Eixo (seja Europa, seja sudeste asiático e Pacífico), os aliados britânico e norte-americano juntaram experiência e abundância industrial para abrirem um novo 'front', agora na África do Norte, mas exatamente no Marrocos, Argélia e Tunísia, para onde seriam empurradas as forças do Afrika Korps em retirada, depois da Segunda Batalha de El Alamein.

Os militares britânicos achavam prematura uma invasão da Europa através do Canal da Mancha (como esperavam os russos e os povos subjugados), assim entraram em uma cordo com os norte-americanos para invadirem áreas que se encontravam sob controle da França de Vichy (por sua vez sob vigilância dos alemães). A operação de desembarque nas costa africanas em novembro de 1942 recebeu o codinome de Torch (Tocha), e iniciou-se no dia 08, com a Força-Tarefa ocidental (EUA, sob comando do general Patton) atacando em Casablanca, Safi e Porto Lyautey (Marrocos); com a Força-Tarefa central (Grã-Bretanha, sob comando do general Fredendall) desembarcando junto a Oran (Argélia), enquanto a Força-Tarefa Oriental (Grã-Bretanha, sob comando do general Ryder) atacava em Argel e Bougie.

Para melhor realizar os desembarques, os Aliados precisavam evitar conflitos com os franceses colaboracionistas, que poderiam resistir – assim não apenas os alemães e italianos eram os inimigos. Três autoridades francesas procuravam se impor: o resistente general De Gaulle , o oportunista general Giraud e o astuto colaboracionista almirante Darlan. Sabiam todos que Churchill, primeiro-ministro britânico já dera amplo apoio ao general De Gaulle, assim os norte-americanos precisavam neutralizar os demais arrivistas.


A planejada 'Operação Tocha' visava a eliminar os exércitos do Eixo de toda a África do Norte. As principais forças do Eixo estavam na Líbia e, sob o comando de Rommel, no Egito. Mas, a distância dos Estados Unidos e Grã-Bretanha para a Líbia e Egito era considerada demasiado grande para que pudessem os dois grandes aliados pensar num ataque imediato pelo mar. A Tunísia , além da distância, apresentava, como sugestão de complicações, o ponto sensível do Marrocos Espanhol e a proximidade com a Sardenha, Sicília e Itália Meridional.

Assim, os Aliados desembarcariam no Marrocos, sobretudo para garantir as rotas marítimas diretas para os Estados Unidos, e na Argélia, de onde tentariam avançar rapidamente para leste, penetrando na Tunísia e, desse modo, ameaçar Rommel na Líbia.

(…)

Embora não houvesse nenhuma ligação direta entre as forças que participariam da 'Operação Tocha' e os britânicos que no Egito enfrentavam o exército ítalo-germânico de Rommel, os britânicos atacaram El Alamein a 23 de outubro. O General Alexander, comandante das forças britânicas no Oriente Médio, e o General Montgomery, que, sob, Alexander, comandava o 8º Exército britânico, obrigaram as tropas de Rommel a recuar do Egito. Pressionando sobre Rommel, eles o forçaram a uma retirada pelos 2.400 km de largura da Líbia, em busca de um ponto onde pudesse estabelecer uma linha defensiva e estabilizar sua frente.

Se Montgomery perseguisse Rommel bem de perto e o mantivesse em fuga, obrigando, desse modo, as forças do Eixo a entrar na 'Linha Mareth' ao longo da fronteira Líbia – Tunísia, e se as tropas de Eisenhower fossem bem sucedidas nos desembarques e rapidamente ganhassem a Tunísia, Rommel cairia numa armadilha.

(…)

A 8 de novembro, a despeito da resistência, valente mas inútil, dos defensores franceses, mais de 100.000 soldados americanos e britânicos desembarcaram nas costas da África Noroeste Francesa. Os oficiais franceses que eram simpáticos aos Aliados não puderam executar as tarefas de que se haviam encarregado, e uma sucessão de erros ameaçava fazer prolongar-se o combate entre franceses e Aliados.

(…) A 9 de novembro, Eisenhower mandou Clark a Argel para oferecer a Darlan o mesmo que propusera a Giraud. Clark pressionou enormemente Darlan e, a despeito da insistência de Pétain quanto ao cumprimento das cláusulas do armistício de 1940 – que obrigavam a que houvesse reação aos invasores – Darlan ordenou o cessar-fogo.

Entrementes, alemães e italianos desembarcavam, de aviões, tropas em Bizerta e Túnis e estabeleciam uma cabeça-de-ponte na Tunísia. Os franceses não os combateram.

A 11 de novembro, enquanto Darlan assumia o comando na África Noroeste Francesa e mandava sustar a resistência contra os Aliados, as forças de Hitler dominaram toda a França Metropolitana.

Com Darlan garantindo a segurança dos Aliados no Marrocos e na Argélia, Eisenhower desviou para a Tunísia as forças que se dirigiam para a parte mais oriental da Argélia, ordenando também que a reserva flutuante da Força-Tarefa leste, parte da 78ª Divisão britânica, fosse desembarcada em Bougie, a cerca de 160 km a leste de Argel, para ficar mais próxima do objetivo final, o porto de Túnis.

(…) Naquele dia (13 de novembro), Darlan já na qualidade de Alto Comissário, assumiu a responsabilidade do exercício do poder civil na África do Norte Francesa. Giraud tornou-se Comandante-Chefe das forças militares francesas.

(…) Darlan garantiu aos Aliados a cooperação dos franceses, num trabalho que tanta publicidade adversa recebeu na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Darlan era considerado colaboracionista dos alemães, um fascista, um inimigo. 'Como é que Eisenhower pôde fazer acordo com os inimigos dos Aliados?' Trabalhar com Darlan parecia um atentado aos ideais contido na Carta do Atlântico, às Quatro Liberdades que, segundo Churchill e Roosevelt haviam anunciado, eram os grandes objetivos da guerra, às metas que os aliados transformaram numa cruzada contra o mal representado pelo Eixo.

O que motivou Eisenhower foi a necessidade militar. Suas forças eram incapazes de ocupar toda a África Noroeste Francesa e, ao mesmo tempo, expulsar as forças do Eixo da Tunísia.

(…)

O tumulto político que nos Estados Unidos e Grã-Bretanha se seguiu à negociação com Darlan e a dúvida quanto à sua política militar pesaram fortemente sobre Eisenhower, que sofreu enorme tensão. Cerca de 1.800 soldados americanos haviam morrido durante os três dias dos desembarques, ao passo que o número de baixas previsto no planejamento montava a mais ou menos 18.000 – dez vezes mais. Pelo menos teoricamente, a negociação com Darlan, que resultou na supressão da resistência, poupou vidas.”

pp. 22-23; 25-29

Fonte: BLUMENSON, Martin. Eisenhower. Rio de Janeiro: Rennes, 1976


seleção / comentários : LdeM


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